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As dúvidas mais frequentes entre os nadadores amadores com seus técnicos sem dúvida nenhuma é: Como deve ser a braçada? Bato perna ou não bato? Respiro em qual braçada? Posso copiar o estilo do Michael Phelps? E muitas outras dúvidas relacionadas a TÉCNICA DE NADO. Será que entre os nadadores profissionais ou de base é a mesma coisa? A respostas é SIM, todos buscam atingir a técnica perfeita.
Mas será que existe essa tal de técnica perfeita, que todos devem seguir para ter sucesso?
NÃO, infelizmente não existe tal modelo a ser seguido, pelo simples fato de termos um princípio no treinamento que se chama INDIVIDUALIDADE.
O princípio da individualidade se aplica tanto na parte fisiológica (adaptações do corpo são diferentes para duas pessoas, mesmo recebendo a mesma carga), quanto na parte biomecânica / técnica.
Michael Phelps por exemplo tem uma envergadura de 2,01m, tem os tornozelos com flexibilidade 15º a mais que a média de nadadores, além de calçar 48. Essas são só algumas das individualidades de Michael Phelps que já nos fazem pensar se realmente vale a pena tentar “copiar” a técnica do mito. Seu eu não tenho as mesmas condições fisiológicas, anatômicas, psicológicas, metabólicas que um nadador, não vale a pena eu “copiar” o seu nado.
Porém, podemos sim avaliar os pontos positivos e negativos (sim, mesmo os profissionais tem muitos erros biomecânicos que vão te deixar de queixo caído) de cada nadador e adaptar para tentar reproduzir suas potencialidades.
Uma técnica de nado Crawl para provas de fundo que eu particularmente gosto muito é do nadador chinês Sun Yang, mas não aplicaria ela por exemplo para provas de velocidade, porém, como vamos falar aqui sobre maratonas aquáticas, vou seguir alguns bons exemplos que podemos tentar “encaixar” em nosso estilo para ganharmos mais eficiência de nado.
O primeiro ponto que mais me chama atenção hoje em dia é que, na técnica de muitos nadadores falta da alavanca no início da braçada, com certeza isso, nosso fundista Sun Yang faz com maestria
Tentem percebem no início da braçada se os seus cotovelos se mantem alto e se você consegue fazer uma “puxada”, fase propulsiva, não só com a mão, mas sim com o ante braço inteiro.
Essa é a primeira dica fundamental para melhorar eficiência de nado.
Se passarmos para os membros inferiores, percebemos que as pernas tem papel fundamental no nado, não só na propulsão, mas também no equilíbrio e sustentação do corpo na água.
Aquela história que nadador de funda não precisa bater perna é mentira, temos sim o papel fundamental da perna que pode fazer muita diferença em nossas provas, basta treinar que poderá ver a evolução grande no ritmo de nado com o auxílio da perna. Mas devemos sim também tomar os devidos cuidados, uma vez que nossa perna é composta por uma massa muscular muito grande, que se usada em excesso, consome muito oxigênio, ou seja, gasta muita energia, podendo atrapalhar o desempenho a longo prazo.
Aconselharia, para nadadores de fundo, uma média de 4 a 6 pernadas a cada ciclo de braçadas, lembrando que o ciclo é composto pelas 2 braçadas ok. Mantendo o ritmo constante da pernada, o corpo vai se manter mais em cima da água, criando menor arrasto, o que possibilita maior ganho de velocidade gastando a mesma energia.
Se pensarmos na posição da cabeça, haveriam muitas particularidades entre nadadores de piscina e de águas abertas. A cabeça alta, ação necessária nas águas abertas para a navegação com a respiração frontal, faz com que o quadril afunde um pouco, gerando mais arrasto, consequentemente perdendo velocidade de nado. Porém você deve avaliar como é a situação ambiental de sua prova, correntezas, ondas, vento, etc. Sempre vale mais uma boa navegação, em relação a um pequeno ganho de ritmo pelo quadril mais alto. Caso esteja nadando em águas tranquilas, sem correntes, marola, nadando em um mar “flat”, famosa piscininha gigante, tente fazer mais respirações laterais para algumas frontais. Dessa forma você ganha tanto a navegação boa, quanto o quadril mais alto e velocidade de nado maior. Já na piscina, sempre uma cabeça alinhada, com respiração baixa (1 olho dentro da água e o outro fora) auxiliam para diminuir o arrasto, sendo sempre o aconselhado.
Lembra quando eu falei que os profissionais também tem muitos erros? Já que estamos falando do melhor do mundo nas provas longas, vamos voltar no Sun Yang, que sempre antes e após as viradas, olha para os 2 lados com a cabeça alta. O treinador dele fica “louco” com isso, pois biomecanicamente falando, ele perde bastante tempo com isso, porém, é uma ação estratégica, onde ele consegue observar seus adversários e administrar seu ritmo, além de oxigenar mais e recuperar o fôlego. Porém, os pontos positivos da técnica de nado dele são muitos, e acabam compensando essas pequenas falhas. Mas lógico, se ele retirasse esse vício teria muitos ganhos.
Uma pena agora ele estar fora das piscinas, pois foi suspenso por Dopping por 8 anos. As provas dele eram um show a parte, mas com “trapaça”, não vale né.
Em resumo, converse sempre com seu treinador para avaliar os pontos a serem melhorados e se realmente vale a pena “copiar” a técnica de outro nadador. Respeitando suas individualidades e sabendo adaptar os pontos positivos para o seu corpo, você sempre colherá bons frutos e terá um nado cada vez mais eficiente.
Danilo Milani Zoppi.
Treinador Desportivo.
Treinador de natação das categorias de Base do SESI – SP.
Campeão paulista de clubes com treinador.
Ex nadador, campeão paulista e brasileiro de natação e maratonas aquáticas.
Pós graduado em Treinamento desportivo de alto rendimento.
Graduado em Educação física e Saúde pela USP.