A corrida é um dos esportes que mais cresce no Brasil. Basta observar o grande número de corridas de rua que vemos praticamente todos os finais de semana Brasil a fora. Em 2016 foram realizados 469 eventos desta natureza com cerca de 820 mil inscritos, de acordo com levantamento feito pela Federação Paulista de Atletismo (FPA).
Os benefícios atribuídos à corrida incluem melhoria na saúde física e mental, controle do peso, redução do estresse e participação social. Ao começar a correr regularmente, os corredores relatam mudanças em seus estilos de vida, incluindo melhores hábitos alimentares, melhoria do sono e diminuição da ingestão de álcool e tabaco. A corrida faz com que se sintam mais felizes, mais relaxados e cheios de energia. Apesar de todos os benefícios da corrida, o número de lesões aos praticantes é preocupante.
Dentre as lesões mais frequentes observadas entre os corredores de longa distância, podem-se citar as chamadas “lesões por estresse” ou de sobrecarga, tais como tendinopatia do calcâneo, síndrome de estresse tibial medial, fraturas de estresse, tendinite do semimembranoso, tendinite do poplíteo, tendinite da “pata-de-ganso”, síndrome de trato ilio-tibial e a fascite plantar.
Fatores biomecânicos
A hiperpronação do pé é um dos fatores biomecânicos de risco mais frequente encontrados nas lesões de sobrecarga. A pronação é um movimento natural do corpo, quando o pé cai um pouco para dentro ao andar ou correr. Mas quando esse movimento ocorre em excesso, a aplicação de carga repetitiva na região aumenta e pode ocasionar lesões e dores.
Frequentemente observada em praticantes de corridas, a pisada pronada faz com que o pé distribua as cargas de forma desproporcional, sobrecarregando algumas regiões do corpo, como o arco do pé, dedão, calcanhar, tornozelo, joelho e quadril.
A pisada pronada é uma alteração que causa um desvio de postura na pessoa e acontece por vários motivos, como:
- Pé muito plano, também chamado de “chato” (quando o arco é desabado, ou seja, quando toca o chão quase que por inteiro);
- Joelho valgo (para dentro);
- Fraqueza nos músculos profundos do pé e do tibial posterior – músculo que fica na perna e ajuda no suporte do arco e do pé durante o caminhar;
- A adaptação do corpo a partir de um movimento errado durante exercícios.
Hiperpronação do tornozelo
Correção dos fatores biomecânicos
Cada caso deve ser avaliado individualmente.
Caso a hiperpronação seja causada por fatores anatômicos uma palmilha proprioceptiva pode ser utilizada para corrigir desvio.
Palmilhas proprioceptivas – são palmilhas confeccionadas individualmente com o objetivo reposicionar o corpo todo através de um estímulo gerado sob os pés.
Mas também podem haver desbalanços musculares que podem causar a hiperpronação, neste caso o fortalecimento e alongamento de grupos musculares são recomendados.
Fortalecimento de tibial anterior, uma dos exercícios indicados para evitar a hiperpornação
Dicas para corredores
- Correr sobre superfícies planas e firmes,
- Evitar a utilização do mesmo tênis nos treinamentos em dias consecutivos,
- Procurar alterar a velocidade e a superfície de treinamento em dias consecutivos,
- Realizar um período de aquecimento antes do inicio da corrida,
- Praticar regularmente exercícios de alongamento com atenção particular nos músculos do membros inferiores,
- Manter o período adequado de recuperação após treinamentos longos ou sobrecarga,
- Evitar treinamentos longos ou de sobrecarga nos dias de fadiga ou nos períodos de recuperação de lesões,
- Manter sempre hidratação adequada sobretudo em dias mais quentes.
TEXTO DE THIAGO RODRIGUEZ
Fisioterapeuta formado pela Universidade Federal de São Carlos. Especialista em fisioterapia esportiva pelo Centro de Traumato-ortopedia do Esporte (CETE/Unifesp-EPM). Especialista em Osteopatia pela Escuela de Osteopatia de Madrid. Fisioterapeuta nos jogos Olímpicos Rio 2016. Sócio do Instituto Curarte, clínica de fisioterapia e Cuidados Integrados.
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